As usinas nucleares norte-americanas resistiriam a um tsunami?

12:05
A usina de San Onofre, perto de San Clemente, na Califórnia, situada na costa do Pacífico.

Operadoras de duas usinas nucleares na Califórnia afirmam estar bem-preparadas para um eventual tsunami. Entretanto, alguns especialistas solicitaram novas avaliações de riscos que levem em conta o terremoto, o tsunami e a crise nuclear que se abateram sobre o Japão.
A usina de San Onofre, perto de San Clemente, e a de Diablo Canyon, ambas na Califórnia, foram projetadas para suportar tremores de magnitude 7,0 e 7,5 graus, respectivamente, segundo funcionários da usina. Espera-se que ambas resistam a tsunamis de até 7,5 metros.
As duas usinas estão entre os 88 reatores localizados em áreas de atividade sísmica no mundo, segundo a Agência Internacional de Energia Atômica das Nações Unidas. As usinas da Califórnia são as únicas instalações nucleares norte-americanas na costa do Pacífico.
No entanto, alguns críticos afirmam que as agências reguladoras federais precisam reavaliar as usinas californianas, dada a escala de destruição que ocorreu no Japão. Ed Lyman, do grupo de vigilância Union of Concerned Scientists, afirma que as atuais avaliações de risco para catástrofes envolvendo terremotos e tsunamis podem estar obsoletas.
"A Comissão Reguladora Nuclear ainda não estabeleceu padrões com um nível alto o bastante para proteger a população de acidentes, e eles são mais verossímeis e plausíveis do que se pensava", disse Lyman a repórteres em uma coletiva de imprensa em Washington.
Cada um dos 104 reatores nos Estados Unidos foi submetido a testes individuais para calcular riscos locais, como terremotos, furacões, ondas altas, calor extremo ou inundação, como parte das exigências de licenciamento federal.
Em um relatório divulgado em 2008, a Comissão de Energia da Califórnia informa que a usina de San Onofre não tem meios para garantir a segurança em caso de terremoto com magnitude superior a 7,0, o nível esperado quando a usina foi projetada na década de 1960.
A Comissão de Serviços Públicos determinou que empresa proprietária da usina realize uma nova análise de risco dos reatores em caso de terremoto e tsunami antes de renovar a licença de operação, que expira em 2022, informou o San Diego Union-Tribune. O mesmo pedido foi feito à PG&E, que opera a usina de Diablo Canyon.
A empresa entregou seu relatório inicial sobre riscos em caso de terremoto e tsunami à comissão no mês passado, mas o documento não incluía a análise sísmica em três dimensões exigida pelas agências reguladoras.
As duas instalações nucleares estão localizadas acima do nível do mar, em penhascos.
A costa da Califórnia já sofreu com tsunamis no passado. O pior abalo foi o Grande Terremoto do Alasca, em 1964, que chegou a 9,2 na escala Richter. O tremor arrastou 11 pessoas em Crescent City e matou 17 ao longo da costa.
O sul da Califórnia, onde estão as usinas nucleares, é uma área de grande atividade sísmica. No entanto, a região não corre o risco de enfrentar ondas gigantes geradas por grandes tremores, como os do Japão e Alasca, porque sua linha costeira não é tão exposta, explicou Peggy Hellweg, sismóloga da Universidade da Califórnia em Berkeley.
Hellweg também duvida que as falhas próximas às usinas nucleares locais possam gerar abalos da magnitude do sismo no Japão. O sistema de falhas Newport-Inglewood e Rose Canyon, perto da usina de San Onofre, a falha de Hosgri e a falha Shoreline, que foi descoberta em 2008, situam-se perto da usina de Diablo Canyon.
"A magnitude do terremoto depende do tamanho das falhas ininterruptas existentes”, explicou Hellweg ao Discovery Notícias. "O comprimento dessas falhas não é suficiente para gerar um abalo de magnitude oito ou nove”.
Nos últimos dois anos, pesquisadores da Califórnia estão montando um estudo abrangente sobre o risco da ocorrência de tsunamis no estado. A primeira fase do estudo descobriu que a região provavelmente está sujeita a ameaças mais graves de tsunami por terremotos gerados perto da costa do Oregon e de Washington, na chamada zona de subducção da Falha de Cascadia, ou das Ilhas Aleutas, na costa do Alasca.
Outro perigo são os deslizamentos de terra submarinos próximos à costa, afirmou Stephen Mahin, diretor do Centro de Pesquisa de Engenharia de Terremotos no Pacífico, da Universidade da Califórnia em Berkeley.
"Temos penhascos grandes que podem causar tsunamis locais bem maiores que os mais distantes. Mas são bem mais difíceis de prever”, alertou Mahin.

FONTE :  http://blogs.discoverybrasil.com/noticias/2011/03/as-usinas-nucleares-norte-americanas-resistiriam-a-um-tsunami.html
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