Infanticídio era comum no Império Romano

11:07
                                                    O infanticídio foi uma prática amplamente tolerada nas sociedades humanas de todo o mundo.


Segundo um novo estudo, o infanticídio, a matança de bebês não desejados, era comum no Império Romano e em outras partes do  mundo antigo.
O estudo, que foi aceito para publicação no Journal of Archaeological Science, explica que "até recentemente (o infanticídio) era uma prática amplamente tolerada nas sociedades humanas ao redor do mundo. Antes da chegada dos métodos anticoncepcionais modernos, era uma das poucas formas existentes de limitar o tamanho da família de forma eficaz e segura para a mãe”.
Baseando-se em achados arqueológicos, o estudo menciona que a prática teria sido especialmente difundida no Império Romano.
"Acredito que era algo mais tolerado do que aceito no mundo romano, mas é difícil ter certeza”, declarou ao Discovery Notícias o autor do estudo, Simon Mays.
Mays, cientista do Laboratório de Monumentos Ancenstrais do Patrimônio Inglês, e sua colega, Jill Eyers, analisaram o vilarejo romano de Yewden, também conhecido como Hambelden. Datada dos séculos I a IV, a vila está localizada en Hambleden, Buckinghamshire, na Inglaterra.
Uma escavação anterior realizada em Hambleden, em 1921, descobriu que o sítio conta com 97 sepulturas infantis, o maior número de enterros com estas características entre todos os cemitérios romanos antigos na Grã Bretanha. Na época, o arqueólogo responsável suspeitou de infanticídio “pela disposição dos corpos”.
Como poucos esqueletos infantis preservaram evidências da causa da morte, Mays e Eyers utilizaram um método indireto para investigar a prática do infanticídio em Hambleden. As mortes naturais tendem a mostrar uma ampla distribuição por idade nos cemitérios. Entretanto, onde o infanticídio era praticado, a distribuição etária era mais uniforme, com grande incidência de recém-nascidos.
Os pesquisadores mediram os ossos dos restos mortais infantis de Hambleden e os compararam a ossadas encontradas em outros locais: Ashkelon, em Israel, e Wharram Percy, na Inglaterra. Em Ashkelon, que integrava o Império Romano, a história parece ser bem diferente.
Cerca de 100 bebês com aproximadamente a mesma idade morreram em Ashkelon. Não foram enterrados, mas lançados em um canal de esgoto que corria sob um bordel. Os pesquisadores suspeitam que quase todas as vítimas morreram por sufocamento. Apesar de os bebês de Hambleden terem sido enterrados, sua distribuição etária é compatível com a das crianças de Ashkelon.
"Ainda não se sabe exatamente por que foram encontradas tantas crianças nas escavações de Hambleden”, afirmou Mays. "As sepulturas infantis estão mais agrupadas do que dispersas, e o local escavado parece ter sido usado especificamente para abrigá-las”.
Os achados e as evidências crescentes indicam que o infanticídio era comum no Império Romano. Os sítios pré-históricos de Khok Phanom Di, na Tailândia, e Lepinski Vir e Vlasac, na Sérvia, também revelaram prováveis indícios de infanticídio. Um estudo sobre as sociedades humanas realizado em 1973 determinou que em 80% delas, em algum momento do passado ou dos tempos modernos, houve matança intencional de bebês.
Gwen Hunnicutt, da Universidad da Carolina do Norte em Greensboro, e Gary LaFree, da Universidade de Maryland, em College Park, estudaram amplamente o infanticídio, concentrando-se em casos recentes documentados em mais de 27 países do mundo. 
Hunnicutt e LaFree concluíram que havia “uma relação entre a desigualdade de renda e o homicídio infantil feminino”.
"As sociedades extremamente pobres podem usar o homicídio infantil como meio para manter seus recursos, reduzir a tensão econômica ou melhorar a qualidade de vida da família”, explicaram. "Entretanto, o infanticídio diminui nos países caracterizados por uma cultura de violência”.
Os pesquisadores sugerem que os responsáveis por esta prática, em alguns casos poderiam perceber o infanticídio como um “assassinato misericordioso, cujo objetivo pode ter sido aliviar o sofrimento, e não provocá-lo”.
Hunnicutt e LaFree acreditam que "o aumento da assistência do governo às necessidades familiares, como serviços de creche e outros tipos de apoio parental, pode aliviar alguns dos efeitos negativos do impacto econômico das mulheres na mão de obra”.

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